Minha rua
Moro em uma rua que tem nome de flor
Na rua em que moro fica um grande presídio
Meu primo já ficou preso lá
Fazia miojo com a água quente do chuveiro
Ele fala que lá é o inferno
E eu acredito!
No fim de semana as mulheres, mães, esposas e também as crianças,
ficam acampadas em frente ao presidio
Você olha e vê as barracas coloridas
Elas se sentam em roda para conversar
Na lotação quando volto do trampo, de sábado, muitas pegam essa lotação para chegar ao presidio e fazer a visita no dia seguinte...
Uma noite quando o motorista parou a lotação em um ponto escuro, entraram assaltantes, que gritavam e gritavam, pegaram a bolsa da moça da frente e esvaziaram gritando com ela...
Eu estava no segundo banco, entreguei o que tinha...
Eles gritavam armados..., do lado de fora estavam mais alguns e um com uma faca
Esse quebrou o vidro na parte de trás da lotação
Todos gritaram, eu rezava
Não machucaram ninguém, ainda bem
Fomos embora, e o motorista não parou em nenhum ponto mais...
Algumas mulheres brincavam, falavam...deixa meu marido,saber, pega ele!
Era esposa de um dos presidiários...
São guerreiras aquelas mulheres
Algumas ficam vendendo pastéis, lanches, doces em frente ao presidio
As vezes tem rebelião, nesses dias a lotação dá a volta para não passar em frente ao presidio, porque é área de risco
Por fim, acabamos convivendo com a violência que tem raiz lá atrás....
O que fico admirada sempre, é a força da mulher, em noites frias como esta, estão lá, nas barracas, pensões, com seus filhos, sonhos, amores...fortes, querem ver seus homens, filhos...
Eu as admiro muito!
Estrelas para todas!
Luciana Pontes
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