sábado, 28 de junho de 2008

Minha rua


Minha rua



Moro em uma rua que tem nome de flor

Na rua em que moro fica um grande presídio

Meu primo já ficou preso lá

Fazia miojo com a água quente do chuveiro

Ele fala que lá é o inferno

E eu acredito!

No fim de semana as mulheres, mães, esposas e também as crianças,

ficam acampadas em frente ao presidio

Você olha e vê as barracas coloridas

Elas se sentam em roda para conversar

Na lotação quando volto do trampo, de sábado, muitas pegam essa lotação para chegar ao presidio e fazer a visita no dia seguinte...

Uma noite quando o motorista parou a lotação em um ponto escuro, entraram assaltantes, que gritavam e gritavam, pegaram a bolsa da moça da frente e esvaziaram gritando com ela...

Eu estava no segundo banco, entreguei o que tinha...

Eles gritavam armados..., do lado de fora estavam mais alguns e um com uma faca

Esse quebrou o vidro na parte de trás da lotação

Todos gritaram, eu rezava
Não machucaram ninguém, ainda bem

Fomos embora, e o motorista não parou em nenhum ponto mais...

Algumas mulheres brincavam, falavam...deixa meu marido,saber, pega ele!

Era esposa de um dos presidiários...

São guerreiras aquelas mulheres

Algumas ficam vendendo pastéis, lanches, doces em frente ao presidio

As vezes tem rebelião, nesses dias a lotação dá a volta para não passar em frente ao presidio, porque é área de risco

Por fim, acabamos convivendo com a violência que tem raiz lá atrás....

O que fico admirada sempre, é a força da mulher, em noites frias como esta, estão lá, nas barracas, pensões, com seus filhos, sonhos, amores...fortes, querem ver seus homens, filhos...

Eu as admiro muito!

Estrelas para todas!



Luciana Pontes





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