terça-feira, 14 de julho de 2009

A moça


A moça...


A moça bailava e bailava...

Ela?

A outra?

As duas?

Sentiram as presenças...

A moça estava tão forte

Com seus sapatos de boneca

Sentada na cadeira

Balançando os pés...

Ela cai e levanta

Vai escorregando e toca o espelho

Mostra a rosa ao espelho portal

Ela viu aquele amado de branco

Oferece rosas brancas

Mira seus olhos

A moça passa batom

Batom e batom

Ela escorrega pelas paredes, pelo chão

Com suas asas- véu

Anjo- véu

Véu -asa

Da moça...


Luix

Ela...


Ela...


Ela...

Era ela! era ela!

Ali...fazendo pão

Farinha branca

Gestos rápidos, rápidos

E suaves...

Era a mãe...

Aquela mãe do ventre de espelhos...


Luciana Pontes

domingo, 12 de julho de 2009

Olhar desfocado


Olhar desfocado


O meu olhar não está mais desfocado

A música já não incomoda mais

As minhas asas invisíveis

Eu as vejo

Serei um anjo?

Serei escolhida?

Acolhida?

Especial?

Não...

Sou uma garota normal

Com sonhos loucos

Romântica

Com glitter no rosto

Estrelas na alma e corpo

Simples assim...

Estou mais em mim

Ela...

Quem é ela que rodopia no palco?

Quem é ela que mira o espelho?

Quem é ela que oferece rosas?

Sou eu?

Uma parte de mim?

Ela em mim?

Eu ?

Sou!

Sou e estou!

Aqui ...senhor moço!

Sou eu de novo

Voltando a enxergar as cores,

Os sons são agradáveis

E amo o cheiro das rosas...

Sou eu que tomo banho de alfazema

Que enfeito meus cabelos com flores minúsculas do campo

Do campo em que trabalharam meus avós

Sou eu a bisneta de Maria

Que baila e baila , olé

Sou eu , a filha de Neusa-guerreira e do índio- José

Sou eu novamente!

Estou de volta...

Mirando o espelho

Cuidando de mim

A água que vejo agora

Cristalizou em meus olhos

Maquiagem-luz

A música começa!

É hora de bailar e recitar

O amor!



Luciana Pontes

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Esquecendo...


Esquecendo...


Esquecendo de ti...

Dos ensinamentos...

Do sorriso...

Do café sem açucar...

Das brumas no ar...

Das musicas que cantava...

Do som da rua

Das pessoas do prédio

Da tinta branca e fresca

Dos pingos brancos nos jornais no chão

Da caixa verde

Do livro- sonho

De atravessar o tempo com e vela que foi quebrada

Vela acesa quebrada

O tempo

Tempo em que ela ficou acesa , ficou

Agora ela está quebrada...

A água que não escorre mais no rosto

Do banheiro com porta- escova de dentes com sorrisos

Esquecendo de seu rosto...

De você...

De mim...

O que restou?

Viver...

Sentir...

Respirar o que ficou...

Um leve sabor de olhos bons

Que ficaram lá...

Lá...

Tão longe...

Vela quebrada

Já não existe mais...

Mas sua luz ficou...

A luz...
O finito-infinito


Luciana Pontes

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A mulher- espelho


A mulher- espelho


A mulher de rosto branco

A mulher- espelho

Tudo reflete

Tudo espande

Tudo atravessa

Como o portal

Que existe em seu corpo- alma

Ela vê através dele

Pessoas queridas

Que se despedem ou ficam

Vê um homem de branco

O que ele estará pensando?

O que estará desenhando...

Em seu desenho vida?

Desenhará com imagens, com música, com vinho?

A mulher- espelho apenas reflete

E o portal...

Vocês estão perto de mim

Que bom...

Não estarei sozinha na travessia

Entrarei no espelho

E os encontrarei

O caminho túnel estará iluminado

E o homem que está ao fundo faz o gesto com a mão

Como se falasse¨ - Venha ...¨

Olho para o verde e pequenos pontos de luz em cada canto

Serão pessoas?

Não sei...

A mulher- espelho reflete...


Luix

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Terra


Terra


Terra molhada

Chuva que cai cai

Terra molhada

Cheiro de vida!

Terra em meu corpo

Cheiro de terra molhada

Cor terra em minha aquarela

Cor terra em mim

Terra e água

Tranparência na aguada da

Aquarela vida

Que brota

Devagar...

Ah...

Cheiro de terra molhada...


Luciana Pontes

domingo, 5 de julho de 2009

Meu amor está indo embora...


O meu amor está indo embora...


Olho o rio

Pego com minhas mãos- pétalas duas folhas

Folhas amareladas pelo tempo...

Folhas do infinito

Será finito?

O amor que sinto

Amor que brilha

Como um sino construído com o coração - intuição

Pego com minhas mãos- pétalas, duas folhas

Folhas amareladas pelo tempo...

As coloco com cuidado na água

Brinco com elas...

Jogo gotinhas d`água dentro delas

São suas emoções que escorrem

Como o meu sentir- água

Que pinga, pinga das folhas amareladas

Como lágrimas de despedida...

E elas dançam cambaleantes, flutuantes pela água do rio

Fazendo um desenho diferente

Cada uma seguindo o seu caminho

Mas com certeza não se esquecerão

Pois são do mesmo ramo

Do mesmo galho

Da mesma árvore

Da mesma raiz

Infeliz amor

Não realizado

Mas, cultivado

Arcaico

Quantas marcas do tempo

Infinito ou finito?

Tempo...

Aonde irão parar as folhas separadas

Pelo tempo- distância?

O amor que fica nelas, que pingou na água

Se derramou e se espalhou pelo rio

Que levou tão lindo amor- amado

Não concretizado...

Mas tocado, sentido,

Ouça o som do sino...

É assim que toca meu coração

Folha amarelada , somos da mesma árvore

Respiramos juntos, o mesmo ar, a mesma intuição

O mesmo sentir

Não quero que sinta minha agonia- saudade

Mas meu amor - flor

Meu amor

Somos a mesma árvore

O nosso amor é de uma mesma semente

As duas folhas se separam agora...

Cada uma faz um desenho diferente

Pela água do rio...


Luciana Pontes

sábado, 4 de julho de 2009

Rosa vermelha


Rosa vermelha


Ontem ganhei uma rosa

Uma rosa vermelha

Vermelho

Cor intensa

Quente

Viva

Assim que a cigana se sente

Rodopia

Sua saia branca, a luz do sol

A luz do sol

Em sua saia branca cigana

Rosa vermelha nos cabelos

E ela está

Sozinha...

A noite , ela se encolhe como criança

As lágrimas escorrem

A chuva

Os olhos negros- espelho

Miram a rosa vermelha

Do moço que a protege

Do tempo

Que escorre

Como areia vermelha

Pelas mãos -pétalas da moça

Areia ...tempo...

E a chuva não para

Inunda seu coração

Pulsa e jorra sangue

Sangue do espinho que machuca, saudade...

Ela toca o peito , saudade...

Toca o liquido transparente- água-lágrima
Seu rosto...
Olhos molhados de chuva

Amor ...

Amor que faz o coração acelerar

O corpo pulsa e pulsa

Corpo perfumado

Com alfazema

Amor...

Alfazema...

Amor...


Luix

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Xamanesa-lua


Xamanesa-lua


Péle branca

Leitosa

Cabelos negros

Vestido branco

Rosas vermelhas e brancas

Lá vai ela e sua descoberta

Espelho!

Lá vai ela abaixando o seu olhar...

Seduzindo...

Ele...

Ela cheira alfazema

Ela adora a chuva

Ela ama o mago que capturou a chuva com seu olho- alma

E ela dança...

Sobre as folhas de outono

E ela sorri como menina

Espelho

Ela está descobrindo seu corpo

Ela está se descobrindo mulher

Ela cheira a lavanda

E ela dança com seus véus-carne

E ela devora uvas

Ela se devora

Ela se perfuma

Ela beija o próprio beijo

Espelho

Ela está em uma caixa de vidro

Frágil libanesa

Xamanesa

Ela...


Luciana Pontes