segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Amar


Amar


Sim sim, sou estranha...
Tenho uma maneira louca de amar.
Primeiro não sei se amo, ou amo tão intensamente que me escondo.
Sim fujo, me escondo, lá no ultimo quarto do corredor...
Entro no quarto, fecho a porta e escondo a chave.
Apago a luz.
Fico me balançando e pensando¨- Eh ele não vai me achar!¨
Mas fico ali sozinha e não gosto de ficar solita,e no escuro, quero luz!
Então me levanto devagar para não esbarrar em nada e alcanço a porta.
Abro a porta devagar , a luz entra,e dou uma espiadinha...
Não há movimento nenhum no labirinto externo, no labirinto interno se misturam Ariadne, Teseu , Dionísio, e o Minotauro...
Dou uma espiadinha, abro a porta do quarto devagar, coloco uma pontinha do pé para fora, como a ponta da asa de uma borboleta quando sai do casulo...
Empurro a porta com coragem e saio, eu com meu vestido branco, cabelos soltos e descalça, gosto de sentir o chão.
Me apoio nas paredes, tenho vertigens, enxergo o Minotauro ao fundo do corredor e corro muito rápido deixando a marca da lã do novelo de Ariadne para não me perder e poder voltar ao quarto e me esconder...Solto a lã...
Vejo Dionísio, Ah que alegria, estendo minhas mãos para alcançá- lo, mas não consigo, ele é uma bruma- Dionísio, parece um fantasma que não posso tocar, nem sentir...sinto um vazio...
Começo a pular no corredor, solto a lolita dentro de meu ser, pulo pulo para espantar as aflições, vejo a quadro de Maria Santíssima, me ajoelho e rezo, estou mais calma. Escorrego pela parede, sinto, abraço meus joelhos e me balanço como se eu estivesse no colo de minha mãe.Coloco as mãos na boca.Tiro as mãos da boca e canto como sereia a beira do mar.Me levanto, pego meus véus e giro giro bailarina menina- mulher.Me envolvo neles, me protejo, arranco os véus, rasgo, menina- mulher, deixo os véus no chão. Levanto os braços, giro e grito¨ Toda mulher é meio Leila Diniz!¨
Começo a dar muita risada, ahhah , estou feliz, eu não me perdi naquele corredor, daquela casa...mas existem outros, e existem janelas, como aquela que eu abri com tanta força que minhas mãos sangraram, lavei o sangue e fiz curativo...está cicatrizando...vai passar, vai passar...

Luciana Pontes

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