quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Morta



Morta


Morta estou

Ah que bela notícia

A Vestal está morta

Anestesiada pelas perdas

De seus mais amados

Será que eles sabem disso?

Talvez

É importante que saibam?

Talvez

Morta estou

Cada vez que falam de meus pais

Morro cada dia mais

O vínculo eterno brilha

E peço para ir com eles

Será permitido?

Quero caminhar pelo tunel

Quero voar como borboleta

Que se debate nos vidros

Mas insiste em sair

Insiste

Ouço a palavra morte

Uma risadinha dentro de mim

Um prazer

Repito

Morta, morta, morta

Um arrepio de satisfação

Um lábio trêmulo de alegria

Morta

Morta com a blusa de flores

Flores nos cabelos de Ariadne

Meu avô...

Aquele que não me quis...

Será que vou encontrá- lo

E se encontrar o que direi a ele?

Tu me tomaste a vida!

Como aguento viver aqui

Sem meus pais amados...

Como suporto?

Como existe vida em meus lábios trêmulos

Em minha péle

Em meu corpo- vestal?

Morte, morta

E um sorrisinho que vem

No canto da boca

Morte

E eu ainda espero esse maravilhoso encontro

Com o infinito...


Luciana Pontes

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