Pelas ruas...
Sozinha pelas ruas
Cambaleante moça- aranha
Arrastando seu fio vermelho- vida pelo chão
Desenhando o mapa do sentir
Cambaleante moça
Está com frio
Muito frio
A chuva caia e ela se sentia
Sozinha
Estava pálida
Puxou uma cadeira no bar da esquina e sentou
O dono do bar preocupado falou...
-¨Quer um café moça¨?
A moça dos lábios rachados responde que não
O outro moço do bar diz...
¨-Quer que chame um táxi?¨
A moça cansada diz...sim!
Agora ela iria para rodoviária, apesar de sua tristeza estar estampada em seus olhos- vidro
¨O que foi moça?¨, pergunta o taxista , e a moça responde...
-¨O amor não é amado¨...
E o taxista continua...
¨-Moça se não estivesse chovendo tanto, te levaria para almoçar ,
Te levaria para sua cidade também!
Enquanto isso a moça mira o nada..., as pessoas que passam de um lado para o outro
da Paulicéia desvairada, aquele bairro antigo com cara de cidade pequena.
Crianças saindo da escola, um Banco, lojas, o ponto de táxi sem táxi, a cor cinza
A velha mulher que quer voltar para sua cidade em Minas, o bar da esquina
As manchas escuras nas paredes, a gota de chuva escorrendo pelo vidro,
Vidro este em que a moça desenhava uma estrela que engolia com o corpo trêmulo e frio,
Fria chuva, naquela tarde...
Perdida em Sampa...
Perdido coração, chuva- emoção
Agora ela estava dentro do ônibus, com febre e náuseas, fria com a água fria...
Cansada...
Muitos pensamentos...
Mas um pensamento não parava...
¨Valeu a pena¨...não se importou com sua frágil condição e saúde.
Tinha que ir!
Destino!
Foi ajudada assim...
As escadarias com a barata morta...
A guirlanda de Natal no apartamento vizinho...
A garrafa d´água
Conversar é tão bom
Abraçar carinhosamente...
Ficou para trás...
Agora ela vê tudo isso pela janela do coração...
Ela sorri, seus lábios rachados
Ela sorri...
Luciana Pontes